Chico podia avistar de sua janela uma praça. Observava-a atentamente durante horas todo santo dia. Mas o que havia de tão interessante pra se ver ? Como uma praça monótona como aquela podia moviment
ar tanto os olhos de uma criança ?
Rita era como se chamava o que hipnotizava tanto os olhos de Chico a tarde toda. Chico observava atentamente Rita, não perdia detalhe nenhum.
Dias, semanas, meses se passaram e os olhos dele continuam atentos ao movimento daquela menina. Eles acompanhavam o vai-e-vem da menina do balanço que balançava com os sentimentos de Chico, que só conseguia sentir o vai-e-vem do seu coração se intensificar.
Ele decidiu tomar uma atitude e fazer contato com ela, decidiu que escreveria uma carta. Coragem pra entregar pessoalmente ele não tinha. Mas como a entregaria? Ele decidiu então fazer um aviãozinho com a carta e jogar pela janela.
Escreveu a carta, fez o aviãozinho; ficou meio desajeitado. Achou melhor não jogar, poderia causar uma primeira má impressão. Amassou-o, jogou-o no lixo.
No dia seguinte escreveu outra carta, em seguida, fez o aviãozinho. No momento de jogá-lo, pensou no que escreveu e achou que não estava muito bem redigida. A carta voou direto para o lixo.
Outro dia, outra carta, outro avião. Dessa vez o vento não estava a favor, logo era melhor não arriscar.
Dias passaram, canetas acabaram, muitos cadernos eram consumidos e não havia nada que fizesse um avião decolar.
Um dia Chico pegou uma caneta e uma folha, olhou pela janela procurando sua inspiração, mas dessa vez o balanço estava vazio.
Rita nunca mais voltou.
Temendo as terríveis turbulências e possíveis quedas, o avião de Chico não decolou nem aterrissou.